terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O "Velho" pt. 10




Ela me deixa na porta
Entro e la encontro o "Velho"
Nunca perguntei seu nome (novamente isso pouco importa)
um farmaceutico de 70 anos que sabe de cor a minha receita
toca uma musica na loja é como se o cantor odiasse o mundo todo e explodisse gritando e esperneando o mais alto que consegue, enfrentando a realidade com uma coragem que jamais terei...
Pergunta se quero o mesmo de sempre
Apenas aceno a cabeça
Ele diz q voltei rápido demais e me da o mesmo sermão de sempre:

-Garoto é 1 a cada 8 horas e não 8 a cada uma!

Aceno novamente dizendo que sim

Pergunta se já ouvi falar de Nirvana
Aceno q não
e ele começa a falar sobre um musico que morreu
que era seu ídolo, e sobre toda sua vida e como a musica decaiu nos últimos anos...
é bom conversar com ele... ate quase me identifico com seus delírios...

Mais uma da pessoas que faz a realidade parecer suportável com seus contos
sobre Martírs de guitarra e amores de adolescencia perdidos...

tem um "quê" de saudade em sua voz
ele passa em suas palavras a mesma solidão que tenho aqui dentro
a diferença entre nós é que ele não gosta do que sente
e eu só quero voltar ao cubículo.

me despeço apertando sua mão...
ela me espera la fora
pega na minha mão e sinto a aspereza dos seus dedos
e o cheiro do cigarro em suas roupas
penso comigo mesmo, enquanto ela começa a falar sobre seus casos, que será um longo caminho até em casa...
mas valeu a pena agora tenho o passaporte para ver minha amada onírica
(só quero chegar logo em casa)